Tal (falta de) apoio aos que vestiram a camisa da empresa, por um bom tempo, enfraquece os laços de solidariedade, lealdade e confiança. O que torna o ambiente organizacional caótico e infecundo ao surgimento de talentos, inaplicável à gestão de competências e, muito pior, ao pacto ético. Compromete o coleguismo e exacerba a competição.
Ora, há relativa certeza de que o mundo do emprego minguou e a tendência é de declínio constante. A automatização, robotização, as fusões, a globalização – que torna os problemas nacionais em internacionais -, são os fatores determinantes. Procura-se os que diligentemente, por ação ou omissão, criaram esse ambiente para que reavaliem o papel do humano: governos, empresários, executivos, entidades de classe, academia, consultores…
Ademais, a temperatura explode à medida em que o endeusamento do consumo comanda as escolhas profissionais. Exige-se pouco do ensino porque não o querem por “vocação” e sim para atender o poder de compra. Contudo só adquire quem empreende ou está empregado. Hoje, qual é a participação da mão e mentes de obra no custo do produto, no mais das vezes irrisórias. Ou, ainda, quanto investimos em P&D e Inovação? Há que se incentivar.
Há no ar um novo paradigma à espreita dos que coroam os organogramas. Pois ele em paralelo e à margem do dia a dia, modesto- embora persistente – aos poucos começa a tomar forma, e se materializando já em algumas (poucas) iniciativas de organizações pioneiras no que concerne ao reconhecimento da Responsabilidade Social de base. Que voltem- os funcionários-, no dia seguinte ou na segunda- feira, certos que terão mais dias de trabalho ou, com antecedência a preparação para a 2ª carreira, no comércio, nos serviços, e, principalmente, na Consultoria- o mercado que mais cresce.
A dispensa oportunista, inopinada e brutal do pessoal, sem a preparação adequada e devida para iniciá-los numa 2ª carreira, num segundo trabalho, não é somente mesquinha, egoísta e, por vezes, até inescrupulosa. Precisa mudar!
Mais que uma crueldade ela é, antes de tudo, anacrônica e até ignorante, pois perde-se de cara o consumidor, aumenta a inadimplência, a insegurança, e perdemos todos- empresa, consultores, academia, governos, mídia, a oportunidade de não sermos simplesmente reativos – efeito dos tempos-, para assumirmos o papel de agentes de mudança – não mais vítimas desses maus tempos, mas, pioneiramente, artífices de um tempo novo, que ajudaremos a eleger, criar e a chegar a todos para embrenharmos, não só de raspão, tangenciando, mais fortemente na Responsabilidade Social. Entidades: chega de premiar quem paga a festa!
Há de haver, também e por outro lado, empregados mais conscientes elaborando o planejamento da carreira, a conversão bem planejada, a fim de não ficarem à mercê de abalos da queda constante do emprego, e, sabendo que viverão mais tempo que seus pais, terem as rédeas da vida e da carreira bem firmes para, aí sim, escolherem o que desejam, inclusive, abandonar a empresa que não aproveita as suas potencialidades ou que não prima por boas práticas, pela ética, ou, ainda, por não entregarem ao consumidor o que prometem.
Enfim, cabe a todos investir.
LUIZ AFFONSO ROMANO
Consultor, coach para desenvolvimento em consultoria, ministra os cursos de Desenvolvimento de Consultores- presencial e online- e é presidente da ABCO Associação Brasileira de Consultores www.abco.org.br