A necessidade de se reinventar, diante de uma crise desencadeada por um vírus que não respeita barreiras geopolíticas, poderá ser determinante para a sobrevivência da maioria das empresas. Os modelos de negócio deverão ser revisados em sua plenitude, devendo necessariamente contemplar ajustes na cultura organizacional.O Consultor convive diariamente com o problema. Ao adentrar as organizações , seja empresa nacional, multinacional, governos, ele o encontra quase sempre , embora ainda – mais evidente –é claro! – na empresa familiar.
Pois é o “Complexo de Laio” – tão bem explorado no livro “O filicídio” do argentino Arnaldo Raskowsky. Explico. Todo mundo conhece o chamado “Complexo de Édipo”, aquele desejo inconsciente – quase sempre irrealizado, graças! – de “matar” papai e de “dormir” com mamãe.
Mas a gente esquece que, diz a lenda, Laio, pai do Édipo, já o tentara matar quando ainda criança e até o aleijara para sempre.Raskowski se estende sobre o assunto e até responsabiliza a tendência ao filicídio pelas guerras, quando os generais, por mais idosos, mandam os jovens para morrer nas trincheiras, invejosos de sua mocidade, potencia e destemor.
Ora, numa escala bem mais restrita, o Consultor vive se deparando com fenômeno parecido. O do chefe que explora, quando não hostiliza, os novatos, a reação às mudanças introduzidas pelos gerentes mais jovens e até, de forma ainda mais evidente, a atitude do velho pai, fundador da empresa familiar que elege o filho para seu lugar, mas que, secretamente, deseja até que ele “dê com os burros na água”comprovando que, afinal, o mais competente é seu velho e recém aposentado pai.Aliás, todo Consultor conhece bem a chamada “reação à mudança”. Aquela constatação, até antiga, de Maquiavel, ao denunciar que, ao se tentar mudar qualquer status-quo, quem está se beneficiando com ele… reage!
Entretanto, a ideia nova, talvez útil ao Consultor, é reconhecer, explicar e até conviver com a realidade de um desejo filicida latente e tanto mais atuante -afirmam os psicanalistas – quanto não conscientemente identificado. Pior, por vezes até mascarado, de forma racional e inteligente, com a legítima preocupação de se evitar os “erros da inexperiência” que se aprenda com nossa maior “experiência de vida e trabalho”.
Exagero? Talvez, mas quem sabe nós Consultores passemos a atentar e ajudar a administrar esse latente “Complexo de Laio” em ação, ainda a tempo de ajudar e até apoiar os mais jovens, eventuais vítimas desse possível constrangimento. Vamos socorrê-los?
Consultor Paulo Jacobsen.Consultor Organizacional e Professor